segunda-feira, 12 de maio de 2008

Projecto Urbano

Urbanização da Quinta da Cruz


Programa

Propõem-se o projecto de requalificação da Quinta da Cruz, onde a integração de equipamentos apropriados como complemento de lazer, cultural, desportivo e educativo e lúdico, aproveitando pré-existências ou propostas de raiz.

O terreno em questão, com aproximadamente 30 hectares, apresenta uma pré-existência construída de carácter peri-urbano de transição entre a cidade e a zona rural. Como toda a cidade em desenvolvimento (entenda-se em expansão), engloba e integra unidades rurais que lhe são próximas e, numa lógica de mercado, transforma-as para os fins que necessita.

Tratando-se de uma zona com boas acessibilidades viárias, centralidade urbana, boa exposição solar e com uma topografia acentuada, marcada pela existência de uma linha de água com significado, propõem-se a construção de um parque linear na zona de protecção da linha de água e respectiva envolvente, com a integração de zonas arbóreas de expressão significativa (existentes e a conservar) , que dê continuidade ás propostas do programa Polis Viseu, de forma a criar percursos pedestres, lúdicos, com ligação ao centro da cidade.

A antiga casa da Quinta da Cruz é um facto urbano de relevo, quer pela sua história, quer pela sua arquitectura. Propõe-se a sua manutenção enquanto configuração urbana. – memoria do espaço, da história e do tempo da cidade. A sua clara vocação enquanto equipamento centralizador é evidente.

A existência de uma linha de água de expressão significativa abre a possibilidade do seu aproveitamento enquanto zona de vocação para o lazer. Este facto leva a que se tem de pensar a cidade para duas realidades diferentes. Uma de verão e outra de inverno.

Estes espaços devem ser dimensionados extensos e para grande numero de utilizadores, de todas as idades, logo com necessidade diferentes. Zonas de desporto radical e pistas para bicicletas devem ser introduzidas e devidamente desenhadas com afastamento de outras zonas de circulação, principalmente de zonas de circulação automóvel.


Circulações diferenciadas pressupõem pavimentos diferentes. Dentro das zonas pedonais, existem zonas de circulação e zonas de descanso. O pavimento das zonas de circulação deverá ser mais resistente e com uma textura de acabamento suficientemente lisa, evitando juntas, de forma a que o acto de andar, transportar um carrinho de bebé, se faça sem esforço e com naturalidade. As pistas de bicicleta tem pavimento apropriado, e as zonas de brincar para crianças devem ter pavimentos que absorvam a queda sem magoar o utilizador.


As áreas destinadas a crianças, devem ser delimitadas, e contíguas a zona de observação e controle para os mais velhos que tomam conta. Este espaço tem de dispor de bancos para assento, com zonas de sol e sombra, conter um ponto de água e proximidade de instalações sanitárias.


Todos os espaços abertos de alguma dimensão, tem de ter zonas de sombra e zonas de sol. As zonas de sombra, praça dentro da praça, devem ser conseguidas com elementos de ensombramento artificiais, pérgolas, cobertos, etc., ou com a introdução de vegetação, arvores e trepadeiras de folha caduca, ou ainda constituir-se sistemas mistos. É nossa intenção que estas zonas de sombra, possam ir mudando ao longo do ano, acompanhando as estações de forma a que no inverno sejam zonas de sol, e no verão permitam formar zonas de sombra.
Quando se estudem eixos e espaços canais de ligação da cidade com a urbanização, deve-se dar particular atenção ao ensombramento destes percursos, no sentido de atenuar a dureza de um trajecto, sob temperaturas acima dos 30º centígrados.

Nos espaços públicos devem existir zonas relvadas com possibilidade de utilização, assim como zonas verdes de enquadramento. Estas áreas deveram ser ajardinadas, de fácil manutenção, com a introdução de espécies vegetais cuja floração seja continua, sucedendo-se ao longo do ano. A utilização da cor deve ser por manchas, e as espécies plantadas devem ter em consideração os tempos de floração específicos e a coloração da flor. Sendo o olfacto um dos sentidos do homem, há que ter o conhecimento que determinadas plantas exalam cheiros, agradáveis e desagradáveis, que podem também constituir uma mais–valia a utilizar no espaço público.


Pontos de água, fontes, espelhos de água, esculturas e elementos lúdicos são bem-vindos, devendo no entanto ser controlada a sua dimensão e proliferação. Tratam-se de referencias urbanas caracterizadoras, dinamizadoras e identificadoras do espaço. Designam-se configurações urbanas e servem para ajudar o indivíduo a orientar-se no espaço urbano.


Nestes espaços, existem um conjunto de infra-estruturas técnicas, a cidade subterrânea, das quais de destaca a drenagem das águas pluviais. Tendo de se considerar em projecto em termos de localização e pendentes.


Em termos de estacionamento público, vai-se procurar uma solução de parque subterrâneo, considerando à superfície um numero suficiente para o desenvolvimento normal das actividades comerciais , de serviços, vizinhos e residentes. No caso de se detectar espaços de estacionamento insuficientes para suprir as necessidades de normal funcionamento da zona na situação de inverno, procurar-se-á uma solução de parque comunitário para residentes.


A iluminação pública também faz parte do exercício. Na iluminação pública, há que considerar dois tipos principais. Iluminação do espaço público, vias automóveis e espaços pedonais, e iluminação de objectos ou percursos que se pretendem destacar. Tal qual como numa habitação, existe iluminação geral, com um raio de iluminação mais abrangente e iluminação pontual de áreas especificas. Quando exista um percurso, pedonal ou automóvel, deve ser assegurada a sua iluminação com continuidade. Isto é, todo o percurso deve poder ser feito numa área sempre iluminada, sem interrupção. Toda a zona integrada num percurso pedonal, deve ser iluminada, de forma a integrar-se no espaço público, evitando actividades marginais, só possíveis pela ausência de iluminação. Sendo a sua função nocturna, sobretudo de enquadramento e observação, existe todo o interesse em a tornar visível.


A actividade contemplativa é muito importante nos espaços de água. Prática reforçada pelas populações ribeirinhas, a simples observação da paisagem em constante transformação, é um hábito que deve ser considerado com espaços apropriados, onde se desfrute de vistas e panorâmicas, cuja localização deve ser estudada. Aqui haverá que considerar o usufruto da paisagem como uma mais valia. Deverá ser encarada enquanto paisagem de fundo a actividades lúdicas, enquadramento focal (quando se levanta o olhar está lá), que se enquadra como atitude de recolhimento perante uma vastidão de horizontes, assim como espaço de confronto directo, exposição e observação.